sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Homem irracional

Não me dê atenção, pois sou um rato. Nunca fui homem. Tenho 35 anos e sou solteiro, sem filhos, e com belas casas no exterior, moro no Brasil por esporte, aqui me dão proteção.
Sou um bicho que anda por esgotos, não mereço atenção. Minha mente não corrói por os meus erros. Acho que essa é uma das poucas vezes que me machuco pensando nisso. Porque desde a minha formação como homem, escolhi ser um rato.
E se ratos andam em bandos, sou um rato solitário. Tive muitas mulheres, sei ser gentil, mas sempre fiz por mal. Nunca amei. Nem pai, nem mãe, nem nada, acho que apenas os meus interesses. Percebi que não era amor, era obsessão.  Mas continuo assim, porque decididamente sou um rato.
Minhas ganâncias estão todas supridas. E o Brasil? Todos me tratam tão bem, apesar de eu ser um rato. Todos sorriem simpaticamente. Fico em dúvida se é pelo meu terno Armani, ou porque são simpáticos mesmo, mas também não me importo. Sinceridade nunca foi meu forte.

Olho ao meu redor e acho tudo tão belo. Inclusive aqueles morros que são movidos por o meu dinheiro sujo. As pessoas se submetem a tudo. Sou imundo, me aproveito do sofrimento dos outros para ficar mais rico e nem herdeiros tenho.
Que lixo! Os políticos falam comigo em todas as festas, eles me adoram, mas todos sabem da minha sujeira. Sou um lixo cercado de lixo. Quando vou à câmara dos deputados ou passo por um lixão, não enxergo muita diferença. Até as pessoas se aproveitando das migalhas que lhe são oferecidas pelo lixo, é igual!
Que homem sou. Tenho charutos e uísques, os mais caros e gosto de programas de humor, principalmente humor negro. Adoro piadas com a pobreza, apesar de que de vez em quando não entendo.
Já me apaixonei, era uma camponesa, gorda, simples e feliz, ela também se apaixonou por mim. Sou tão imundo que a deixei, ela me faria mudar e eu já sou acostumado com a podridão na qual vivo.
Penso em um herdeiro para o meu dinheiro, mas ele não saberia lhe dar com tudo isso e também, o mundo já tem muito lixo, para eu educá-lo de tal forma. Pronto, minha parte boa falou.
Porque no fundo tenho pena de mim e do mundo, que caminha a passos largos para a destruição. Porque se existem tantas coisas ruins a culpa é dos retos humanos, feito eu. Esses defeitos humanos que corroem a humanidade desde sempre.
E assim ela seguirá, alguns com sorrisos e sentimentos sinceros, que sempre serão subordinados a ratos, que roem tudo sem um pingo de piedade.
Pobres ratos, animais irracionais, que são usados para denominar homens como eu. Se puderem me perdoem. Queria o perdão dos seres humanos também. Mas fora isso, sigo feliz todos os dias. Não preciso obter respostas.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Diálogo metafórico.

Ela: O arroz sem feijão só é bom se tiver carne com molho. 
Ele: Mas  prefiro arroz e feijão.
Ela: É porque arroz e feijão é o par perfeito.
Ele: Por isso que te respondi assim.

Puramente seu.

Tudo meu é seu, puramente seu.
Hoje não há nada que eu faça sem você.
Humildemente sorrio pensando.
Humanamente sofro chorando.
Arduamente continuando te amando.
É farsa, você.
Mas é a sua farsa que já me fez feliz.
E é essa felicidade que mereço, porque as outras que me proporcionam não me satisfazem mais.
Era tudo mentira, mas era um pouco do que precisava.
Hoje tenho tudo que preciso e já não tenho nada.
Me ama e isso é verdade, mas não, nunca como falava.
Quero chorar, mas por a única coisa que não choro é por o nosso fim, porque nós não temos fim.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Despedir-se do amor.

Chegou a hora e ambos se vão. Um para cada lado. Sem lágrimas ou rancor. Só com a pergunta: Por que acabou?
Não há mais o que fazer e ela começa outra vida, dessa vez consigo e somente.
Fazer alguma coisa não resolveria e ele dá continuidade a sua vida, dessa vez somente e consigo.
Mas todos buscam uma explicação. Foram poucas palavras, poucos momentos ruins, mas repentinamente acabou.
Em outras vidas se cruzam. Ficam sem gestos. Ele surpreso, ela contente. Ele envergonhado e ela sorridente.
No meio de muita gente ele avisa que já vai, ela finge que não escuta e até mais.
Depois amigos, risos, indiretas e nunca mais.
A noite caí, eles se reencontram. Ela nervosa, ele confiante fala com ela, estremecida reponde rispidamente. Ele sorri e ela desmorona, fica tensa e vai para casa. Ele não se despede.
Ao chegar em casa, cenas vão e vêm, e já é de manhã, para outra vida ela quer voltar, porém agora nada é tão fácil.
Em outras chances eles se falam, nada saí como deveria ser. Ela despede-se e volta para sua “nova vida” e ele despede-se e continua na mesma.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Eu não entendo.


Eu não entendo. 

Venho me torturando há muito tempo para entender, mas não dá. Ás vezes acho que você é apenas a minha fonte de inspiração, mas dói, como dói! É incurável, é impossível, essa falta que sinto é maior que qualquer sensação de melancolia. É persistente, mas chega a preencher de vez enquanto. Queria, precisava da sua distância, mas sou eu quem te busco e isso me maltrata. E posso acabar machucando outras pessoas e já não sei mais o fazer.
Está sangrando, está cortado, está acabado e sem solução.